Demorou, mas veio aí! ;)
Depois de pedidos de vocês no meu Instagram, consegui escrever o segundo conto da Titânia Sinimbu. Essa personagem que ganhou a curiosidade de vocês.
Estou feliz de ter feito esse conto e os desafios que tive, pois inventar um universo sci-fi em poucas páginas é complexo, mas super legal. Espero que gostem!
Os raios dos sóis albinos não me pegavam mais desprevenida. Depois que aprendi a colocar filtro blindado nas janelas, ele aciona pelo despertador digital. Um toque no vidro e o cronômetro virtual sincroniza os cliques exatos.
Demorei a fazer isso… e o cubículo inteiro ficava claro, cedo demais. E eu me despertava alvoroçada e irritada.
Agora, já terminei de preparar meu chá de cidreira com hortelã, e aqueci a sopa de nabos para comer antes do trabalho.
Minha cozinha tinha uma bancada que dava para a frente das janelas. Ao fundo delas, uma vista linda das montanhas amarelas e o mar Terano, límpido e lilás, dando um contraste com o céu. Sentei num dos bancos e comecei a comer sem pressa. Meu turno iniciava daqui há trinta cliques. Tempo suficiente para desfrutar daquele momento. E claro, acordar Mara, que ainda dormia em seu mini-jardim, no canto distante da sala.
Depois que iniciei os primeiros ajustes no texto, daquele artigo sobre a “superlotação de máquinas-áreas compactas”, ainda assim o conteúdo não parecia muito propenso. Eu era apenas a editora assistente sênior. Minha opinião, como o cargo diz, seria sempre a segunda. A revista Seigi tratava de cotidianos e do que os Teranianos passavam; coisas boas ou ruins. O planeta tinha apenas essa pequena colônia, bem diferente de Urano de onde vim - que era recheado de territórios e povos ao redor do planeta. Aqui, existia uma megalópole.
Enviei por email o texto com as ressalvas, e o que achei que poderia ser mudado, retirado e bem… muita coisa da redatora estava mais para opinião pessoal do que embasado. E não poderíamos descumprir o principal objetivo da empresa: trazer os fatos.
Mal terminava essa tarefa e minha editora-chefe, Octandra, estava digitando pelo canal administrativo da Seigi. Sendo o nosso espaço de conversas somente sobre as demandas de serviço. Minhas abas online estavam sempre abertas na projeção computadorizada. O sinal de dígitos em loop pareciam bem mais infinitos, e uma ansiedade tomou minhas escamas.
— Que não seja sobre mim! — pensei alto.
Quando terminou a mensagem, fiquei aliviada. Ela estava alertando a todos da festa de lançamento do centésimo volume, que seria daqui há dois dias. Seria um evento grande com comidas, muitas bebidas e pessoas do entretenimento espacial. Não só daqui, mas de províncias galácticas próximas.
Fiquei animada pela realização, muito mais que a comemoração em si. Falar com muitos seres exigia muito da minha disposição, e mesmo sendo mais calorosa, a minha parte fria das luas Uranianas gritava por isolamento e acenos rápidos. Afinal, trabalhar com palavras e símbolos todos os dias já era uma forma de comunicação. E, falar demais, deixava minha língua áspera cansada.
Chegava o fim do turno e fiquei o tempo todo sentada. Saí apenas para pegar água e comer alguns brócolis melados. Naquela baixa rotação, a lua de prata já surgia. Me informando com graciosidade que precisava me desligar. Nunca minhas pequenas garras ficaram tanto tempo movimentando. Um começo de semana turbulento, como é de esperar…
— Ah! — gritei atordoada. Tinha acabado de sentir a língua de Mara me cutucando pela panturrilha. — Pelas estrelas! Esqueci de te dar comida.
A expressão nos olhinhos esbugalhados da iguana pareciam iguais de quem tinha sido jogada nos esgotos dimensionais. Corri para a sacada. No canto do parapeito, estavam as minhas plantas orgânicas. Aproveitando os verões solares, que duravam apenas dois meses, era também a melhor época para colher figos. Fiquei estonteada com o tamanho daqueles frutos e com a cor roxa que brilhava, destacando pela lua. Colhi quase dez deles e entrei para dentro.
Aproveitei e peguei no resfriador da cozinha, outras frutas para diversificar mais o lanche de Mara. Coloquei tudo picado na tigela de vidro e dei para ela. Enquanto devorava com felicidade, eu encostei próximo às janelas, comendo o mesmo e vislumbrando novamente as montanhas de mais cedo.
Agora, as pontas dos gumes dos rochedos pareciam ouro-estelar piscando faíscas, enquanto a escuridão tornava a noite. Suspirei… Leve de ter cumprido mais um dia e ter resolvido minhas tarefas. Parece bobo ver que foi só uma rotina na imensidão de coisas que existem lá fora. Mas alguém tinha que fazer essas tarefas, e tinha que ser eu.
• O que acharam da história? Querem saber alguma curiosidade? Comentem ai! :)
Adorei conhecer o universo sci-fi dessa moça que também trabalha com palavras e símbolos ❤
Fico imaginando a aparência da Titania Simimbu e do seu planeta pela detalhes escritos no conto. Tanta criatividade! Perfeito.!! Parabéns!!