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Foto do escritorBeatriz Feitosa

Conto - Uma tarde com Titânia Sinimbu

Como fiquei falando durante a semana lá nos stories do Instagram, e também sobre o meu livro Furta-Cor, decidi escrever um conto de ficção científica inédito. E claro, como um desafio de escrita para inovar mais ainda o meu repertório e trazer para vocês algo novo, e que eu nunca havia feito antes. ;)



Estava esperando a chuva passar. As calçadas já começavam a tingir de roxo pelas águas das nuvens. Meu reflexo cintilava, na vitrine de vidro da loja que usava como abrigo; a cada raio, minha pele verde parecia mais musga e menos oliva. 

Já tinha perdido o trem interespacial para chegar na zona aérea-norte do meu bairro. O próximo iria decolar daqui há quarenta e cinco cliques. O que, se eu calculasse bem, coisa que não era boa. Seria a estimativa da chuva passar, ou diminuir seu fluxo louco.

As montanhas ao longe que, daqui da rua, pareciam mais amareladas do que nunca, faziam um contraste tão bonito naquela tarde. Eu havia feito compras novas, trajes mais “modernos” e menos “rústicos” para dar uma animada no meu ser. Cansada de usar aquelas várias togas e cintos marrons com tarraxas nas minhas calças. Agora, o menos era mais. Traduzindo… usaria mais vestidos de gola alta e menos acessórios, sendo o mais “adequado”.

Estando fora cliques há mais do que o esperado, senti falta do meu cubículo e da minha iguana, Maranta. Embora trabalhasse de casa, e repassasse textos e mais textos para a revista fosse sempre cotidiano, ter a obrigação de cuidar de um ente exigia muito amor e cuidado. E a Mara tinha aquela carinha fofa de quem queria sempre comer uma couve. E eu como uma boa Uraniana, tinha o coração sensível, um pouco frio, é claro, e espiritualizado.

Mas morando aqui, neste outro lado da galáxia, os meus hábitos e costumes sempre assustavam os poucos amigos. Afinal, o planeta Tera possuía suas próprias culturas. Algumas bem inovadoras e tecnológicas, outras muito ligadas aos seus ancestrais. Aquelas espécies de sereias. 

– Enfim, parou!

 

Desci com o guarda-chuva aberto. Não queria tingir as minhas roupas novas de novo. Sim, já aconteceu antes! Andei depressa, descendo a rua longa de tijolos lisos e virei à esquerda, próximo ao elevador-andaime social. Seria mais rápido ser transportada por ele para ir à estação de trem. 

Cheguei correndo, balançando as bags desenfreadas na estação. Pois faltava apenas dois cliques para partir. Ufa! Não poderia passar a noite no centro da cidade. Os cubículos menores custavam uma fortuna! Sempre destinados aos turistas. Como gastei excessivamente, devo admitir… não me restava tanto. E também, bem… dormir fora do meu espaço me causava sempre noites mal dormidas e dores horríveis nas escamas e nas vértebras.

Sentada no banco, vendo o trem finalmente acender os jatos e decolar lentamente. Passei o trajeto todo pensando nas coisas que iria fazer: arrumar as bagunças do lar, dar comida a Mara. Mas antes disso tudo, desejava urgentemente um caldo bem grosso de cogumelos Hiratake com uma boa caneca de chá de planta cidreira.




• Me conte, o que mais te marcou no conto? Compartilhe ele com amigues que gostam também de sci-fi!


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2 comentarios


Invitado
30 sept

Nossa !! Quanta imaginação !! se fosse empresaria ia investir em voce. Tu és muito talentosa ! Deus abencoe tanta criatividade

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Contestando a

Muito obrigada! ♥

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