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Foto do escritorBeatriz Feitosa

Escrita criativa em objetos do cotidiano



Alguns locais, espaços ou mesmo objetos que são vistos no nosso cotidiano de cidade, podem passar despercebidos e sem certa importância nas andanças de trabalhar, estudar, cuidar da família e afins.


Por isso, acho muito importante quando saio de casa, mesmo em um dia cheio, poder olhar outras formas, pessoas, ambientes e a natureza como quem vê tudo pela primeira vez. Isso me ajuda, não só para ter um dia fora da rotina (sou uma pessoa que usa rotina como organização pessoal, mas que não gosta nada kk), como também para escrever, obviamente. Além de ser um ótimo exercício de escrita criativa que é simplesmente observar o mundo. (Tenho um conteúdo só com essas dicas no Instagram. Só clicar aqui)


Pensando sobre os cotidianos, fui me aperfeiçoando e escrevendo narrativas “invisíveis” focadas em outras importâncias, mas que precisam sim de nosso olhar de empatia, conexão com o mundo e com as pessoas. No meu livro, Pássaro Imutável, o foco é exatamente esse. Ainda mais que ele foi escrito num período muito delicado que foi a pandemia. 

 

Não sabem o quanto me ajudou tirar as palavras de dentro, escrever com tanta emoção. Com contos e poesias de observação; alguns poucos falando da realidade que vivia, como a poesia que é título do livro (Pássaro Imutável). Textos que me confortaram enquanto eu saía de casa pegando ônibus e trabalhando naquele período. 


Um desses textos e que amo muito é o: Caixas D’água, que vou deixar abaixo para que possam conhecê-lo. 


Na passagem pelas sombras laranjas num frio típico e aconchegante e chato. Lá estão elas durante o longo, de poucos minutos, percurso. Parecendo prédios distintos e interessantes. A cor azul forte que acentua o céu, numa manhã às seis horas.


O deleite de imaginação numa cena cotidiana, pois perdi as pipas para o amanhecer.


É mais leve e mais calmo. A pouca sujeira na rua e o movimento baixo e tranquilo, pequeno e silenciador em que o ronronar do motor faz a percepção de acordar e erguer-se para o serviço.


É um desfruto nos tempos de melancolia. Um recorte da vivência que não se extinguiu para a terra e na Terra. Pois os fluxos das águas que alimentam as caixas continuam. Nos rios e lagos afora que alimentam nossa boca em sede e energizam nosso corpo.


Pensar que as nascentes que vêm da pura natureza precisam continuar limpas para que possamos desfrutar. Mas que aí, construímos plástico azul para encher as caixas... E assim, vêm-se os questionamentos de mudanças.


Embora todo o processo demore, ainda assim o vislumbre da vida em paisagem, com um objeto simples da casa de muita gente simples. Vale a aquecida de toque de vivência reflexiva, que fica na mente e se esvai na correria.


— 28 de abril de 2021


• O que acharam do texto? Querem saber mais sobre escrita criativa? Comentem ai! ;)


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2 Comments


Nossa, essa sensibilidade de percepção das coisas simples é o que faz tu ser tão boa na escrita. O livro Pássaro Imutável é lindo, reflexivo e critico. Parabéns, Beatriz, você nasceu para ser uma grande escritora!

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Muito obrigada! ❤️

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